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Sejam bem-vindos ao blogue que é de todos

Aqui partilho memórias, histórias bem contadas e reflexões que atravessam o tempo — como aquela velha caixa de cinema feita à mão ou o cheiro da tinta fresca que ainda habita na lembrança.

Convido todos os leitores a mergulharem nestes textos e, claro, a participarem: comentem, partilhem ideias e memórias, tragam as vossas próprias histórias. Este espaço é feito de palavras, mas também de encontros. Será mais rico e interessante, se tiver outros pontos de vista e outras histórias, porque todos temos uma.

O armazém de madeiras e a máquina de escrever, circa de 1958


Um dia, ao passar na Rua do Torreão, na Guarda, vi um antigo armazém de madeiras. Curioso, entrei e parei logo à entrada da porta. Uns cinco metros de piso cimentado e, logo a seguir, uma ampla área em terra batida. Estendidas no chão e encostadas às paredes, viam-se tábuas e barrotes dos mais variados feitios, arrumadas e espalhadas pelo grande espaço. Olhei para a minha esquerda e vi um pequeno escritório.

De repente, o senhor que estava lá dentro viu-me e veio ter comigo, perguntando: - Precisas de alguma coisa? Surpreendido, disse que não e que só pretendia ver o que havia lá dentro, por curiosidade.

O Início


Dizem que escrever é um hábito que vem de menino, mas há quem tenha outros hábitos, que não a escrita. Diria que é mais uma inclinação natural, que um hábito propriamente dito. No meu caso, foi a escrita que mais me despertou a atenção, talvez porque sempre tive uma relação difícil com as matemáticas e químicas, difíceis de entender. Preferia garatujar uma redação, a ter de fazer contas de somar ou dividir.

bandasdesenhadas.comE foi exatamente por isso, que cedo comecei a escrever pequenas histórias que, de uma forma geral, agradavam aos meus amigos, que pediam mais. Exigentes, começaram a pedir histórias aos quadradinhos, muito vulgares naquela época. Eram outros tempos, em que o improviso tinha de compensar a falta de meios e de dinheiro. 

Um dia, decidi que havia de fazer um filme com os meus próprios recursos. Teria mais ou menos oito anos e muitos sonhos e aspirações pela frente. Os meus amigos da altura, de quem perdi o rasto até ao dia de hoje, estavam fartos de pequenas histórias de aventuras. Queriam um pouco mais, já que ainda não tínhamos idade para entrar no cinema. Queriam ver um filme, mas projetado na parede, como se fosse no cinema. Uma exigência difícil de satisfazer naqueles tempos, mas que espicaçava a minha curiosidade.