O SEGREDO DO TINTINOLHO

Castro do Tintinolho e talefe

Estava quase a terminar o último livro, quando percebi que havia informações importantes que ainda não  tinha confirmado no local. De fato, contar e escrever uma história, mesmo que de ficção, obriga sempre a conhecer alguns detalhes fundamentais, necessários para dar consistência à história. Eu sabia que o Castro do Tintinolho (assim se chama o local), fica a mais de novecentos metros de altitude, num planalto desimpedido e belo, com vistas de cortar o fôlego, sobre o vale do Mondego. Sabia também - abençoado Google Maps - que teria de parar num pequeno largo de terra batida no meio do monte, para depois me atrever a chegar mais perto do cabeço. 

Para quem ainda não sabe, o Castro do Tintinolho é um monumento nacional, classificado como tal em 1910 e trata-se de um afloramento rochoso de grandes dimensões que, só por si, mete respeito. Calcula-se que seja anterior à idade do ferro e que poderá ter servido como local de habitação e refúgio, ao longo dos séculos. Ao longo da encosta do monte, aqui e ali, ainda são visíveis pedras amontoadas, que teriam funcionado como muros amuralhados.

Formação rochosa

Começando a subir por um caminho estreito, pedregoso e difícil, há que contornar o caminho mais ou menos pelo meio da encosta, subindo progressivamente. E é aí que começamos a ver uma formidável paisagem que nos aparece de frente: o belo vale do Mondego, mesmo no sopé do monte onde estamos, mas com uma inclinação tão abrupta, que chega a impressionar e não é muito próprio para quem sofrer de vertigens, como eu.

Depois, mais ou menos pelo meio da encosta, o caminho vai rodando, projetando-se pelo monte abaixo, até ao vale. O Castro do Tintinolho, fica mesmo á nossa direita, lá no alto. Ali chegados, eu e a minha mulher, procuramos um caminho, um atalho, algo que, no meio das giestas e das silvas nos permitisse trepar os últimos cerca de duzentos metros, até ao topo. Espreitamos para todos os lados, mas não havia caminhos. Subir pelo monte acima sem uma ajuda, como um pau forte e umas botas a condizer, é muito arriscado, porque a inclinação da subida é muito forte, com galhos e pedras soltas por todo o lado. Gostaria de ter chegado ao topo, onde existem árvores frondosas e enormes barrocos, pois tenho conhecimento que outros, já o fizeram.

Castro visto do sopé do monte

Mas, depois de tentar subir e escorregar várias vezes pelo atalho abaixo decidimos, por precaução, desistir. Ficou, no entanto, uma imagem que para mim já compensou a aventura. Uma fotografia, onde se vê o cabeço e um talefe (Pinoco), que não existe ainda em fotos publicadas na internet. 

Na verdade, as fotos que existem, são normalmente tiradas do outro lado do monte, onde fica o caminho menos ruim. Para conseguir esta foto, é preciso subir, rodear o monte, até se vislumbrar o vale do Mondego. Depois, é só carregar no botão.

O livro que nos conta esta história, vivida por um coronel na reserva e um ex-emigrante francês, surpreende não apenas pelas aventuras vividas, mas também por terminar com a entrega de um prémio inesperado, que firmou uma enorme estima e amizade entre os dois. Um simples croqui encontrado nas escadas da Biblioteca Municipal do Porto, despertou a curiosidade do emigrante. Valeria mesmo a pena tentar decifrar o papel?  

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