A história começou a ganhar conteúdo e rapidamente percebi que alguns personagens se afirmavam como mais fortes, mais poderosos, mais determinantes. Curiosamente, pareciam ser eles a controlar o que eu escrevia e não o contrário. Pela primeira vez, dei-me conta que um personagem, pode ganhar vida própria e quase obrigar o autor a seguir determinado caminho, que não estava definido. Na primeira parte do livro, Eterea, a filha do rei, ganhou protagonismo, já que era uma jovem inteligente, determinada, culta, mas tinha um padecimento que não controlava. Sentia ciúmes do irmão mais velho Mamotal, herdeiro do trono. Para ela, o irmão não tinha o pulso necessário para assumir tal lugar.
O ênfase com que o conselheiro falou, veio esclarecer todas as dúvidas que os reis sentiam, que ficaram agradecidos pela forma decidida como o homem se pronunciou. Assim, ficou decidido que Mamotal, seria o futuro rei, mas Eterea bem como o irmão, não sabiam desta conversa. Ambiciosa quanto baste, Eterea, tinha outras ideias e muito diferentes.
Nas festas da União do Reino, havia conhecido um jovem garboso, boa figura e bem falante, que de alguma forma a havia impressionado. Tinha recebido uma carta dele, onde lhe pedia para se encontrarem, porque não parava de pensar nela e na sua graciosidade. Depois de meditar no assunto, resolveu mandar investigar o jovem, antes de se encontrar com ele e, para isso, recorreu ao velho conselheiro-mor, que logo arranjou um homem de mão, a quem deu as orientações necessárias.
Depois, ficou a saber que o rapaz era filho de um grande fazendeiro do sul, mas que de vez em quando vinha à cidade, onde ficava em casa de familiares. E foi assim que decidiu marcar o primeiro encontro na Taberna do Corvo, muito frequentada. Falaram de vários temas, o jovem parecia ser educado e culto, mas tinha um relacionamento difícil com o pai, que comungava da ideia de que o povo devia aprender a ler e a escrever, para o bem de todos. Ao contrário, ele pensava que se todos aprendessem a ler e a escrever, amanhã não restaria ninguém para trabalhar as terras. Revelava assim o seu pensamento retrógado e egoísta, que deixou a jovem Eterea decepcionada.
Mas este encontro, teve a virtude de mudar por completo a forma de pensar da jovem. Refugiou-se no seu quarto e dormiu até se satisfazer. Quando acordou, sentia-se fresca e leve.
Algo havia mudado. Procurou o irmão e falaram amistosamente. Eterea, queria mudar e aceitar que o seu irmão daria um bom rei.
Parecia, à medida que ia escrevendo, que a história ficaria por aqui, mas os personagens, foram ganhando força e carisma. Nesses momentos, parece que ganham vida própria e querem escapar ao controlo do autor.
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