O rei Mamotal, era agora um homem maduro, cabelo e barba grisalha, habitualmente sério e introspetivo. Desde a traiçoeira tragédia acontecida no Vale da Morte, como lhe chamou, não passava um único dia que esses pensamentos não assaltassem a sua memória. Determinou até, que o mausoléu do pai e da irmã, tivesse flores frescas todos os dias, o que, às vezes, era bem difícil de conseguir. Depois disso, dois acontecimentos muito importantes marcaram a sua vida nos últimos anos: a coroação como rei e o seu casamento com a princesa Delca Hertz, seu grande amor.
Por influencia da sua falecida cunhada, a rainha Delca, tinha uma forte inclinação para a educação e entendia que o reino devia criar condições para que, progressivamente, o povo pudesse aprender a ler e a escrever, acabando assim com o privilégio dos mais ricos e poderosos. Por isso mesmo, precisava e queria a ajuda do marido, Mamotal, que, quando abordado sobre o assunto, ficou maravilhado com as propostas da mulher, redobrando ainda mais a sua vontade, quando soube que a mulher se havia inspirado na sua falecida irmã, Eterea. Mas outras preocupações afligiam o rei. No sul do país, entre o Vale da Morte e a fronteira, a insegurança dominava a região. Assaltos, roubos e mortes, eram relatados frequentemente. Na reunião do Conselho do Reino, havia sido tomada uma decisão. Seriam construídos três novos fortins, sendo que, no Vale da Morte, ficaria o maior e mais importante, porque também era ali que haviam mais problemas e escaramuças.
Durante esta importante reunião, Mamotal percebeu que poderia matar dois coelhos com uma só cajadada: criar melhores condições de segurança e vingar-se da armadilha traiçoeira que lhe haviam montado há uns anos atrás. Para isso, mandou o conselheiro mor procurar dois ou três homens corajosos, determinados e valentes, para se deslocarem ao sul durante vários dias e tentarem observar e saber o máximo de informações, sem darem nas vistas. Instituiu um valoroso pagamento, caso esses homens cumprissem eficazmente a missão. O rei, não imaginava que estava prestes a contratar um criador de suínos, antigo soldado de seu pai, que, mais tarde, se viria a transformar numa das mais proeminentes figuras da corte. De facto, Dercos Craven, transforma-se no grande herói deste romance, pela sua inexcedível coragem e determinação, sendo mais tarde proclamado Cavaleiro do Rei.
Sem comentários:
Enviar um comentário